Consumismo e alienação

A propaganda e os meios de comunicação em geral não só vendem produtos, mas também ideias. Pensamos que estamos imunes a seu poder de sedução, porém estamos enganados. A repetição incessante com que somos obrigados a presenciá-las nos faz introjetá-las de alguma forma. As crianças são as maiores vítimas de seu poder de manipulação e se maravilham com as promessas de felicidade, sucesso e prazer que virão com a aquisição das mercadorias anunciadas. Pelas ideias difundidas na propaganda acreditamos que nos tornaremos pessoas especiais ao adquirir algo. Se não consumimos, sentimo-nos excluídos, inferiores. Os modelos de produtos como celulares e carros são rapidamente substituídos por outros mais novos e quem não os renova  está “por fora”. O “velho” virou sinônimo de “ruim” quando não, imprestável. Isso se aplica a produtos e pessoas – na realidade as pessoas estão sendo vistas como produtos, objetos que descartamos ou queremos possuir. O “ter” se confunde com o “ser”. Ao possuir algo, fundo-me com este objeto e elevo minha sensação de poder e bem estar… brevemente. Na verdade esta não perdurará. Em algum tempo se esvairá e precisarei consumir algo novo que sustente minha falsa ilusão. Sempre que dependo de minhas posses, sejam elas quais forem para me sentir bem, estou vivendo em um castelo de areia que se despedaçará a qualquer momento. As bases sólidas de meu ser se sustentam em coisas simples que não tem utilidade comercial. O amor não floresce do interesse consumista e sensacionalista, mas sim do puro bem querer. Isto também se aplica ao amor por si próprio, quando tenho afinidade e respeito por mim mesmo sem nada grandioso ter realizado ou conquistado. É preciso rever nossos valores, nos reconectarmos com a natureza de onde viemos e de que somos parte,  valorizarmos também o simples, o antigo, o sábio, o diferente e nos apaziguar com os outros e com nós mesmos. É importante que saiamos da alienação na qual fomos ensinados a permanecer e que desenvolvamos nosso espirito crítico para saber do que realmente precisamos, fazendo escolhas conscientes que não nos firam no final.

Patricia Madeira - Psicóloga

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