DEPRESSÃO

DEPRESSÃO

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), até o ano de 2020 a depressão será a segunda doença incapacitante mais frequente  em países desenvolvidos e a primeira em países em desenvolvimento, como o Brasil. Atualmente de 3 a 11% da população destes foram diagnosticados com o transtorno.

Infelizmente inúmeros médicos e outros profissionais da saúde não reconhecem a existência da depressão nos pacientes. Um estudo mostra que 40% daqueles que se suicidaram, procuraram tratamento médico nas semanas que antecederam, sem, contudo, terem sido diagnosticados com o transtorno. Isto se dá por falta de treinamento dos profissionais na compreensão de que depressão em si é uma doença e não “frescura” ou falta de vontade. Os pacientes, por sua vez, também demonstram preconceito em relação ao diagnóstico de depressão e duvidam da eficácia do tratamento.

A maior parte dos indivíduos  com depressão se encontra na faixa dos 18 aos 25 anos e é do sexo feminino. Ao contrário do que muitos acreditam o transtorno não é parte natural do processo de envelhecimento. Seu aparecimento geralmente se dá com o início da puberdade, apresentando seu ápice entre 20 e 30 anos de idade. Entretanto, pode aparecer mais tardiamente acompanhando um evento estressante como uma mudança de cidade, a perda de um emprego, divórcio, a morte de um ente querido ou aposentadoria por exemplo. Pode também acompanhar outras doenças crônicas presentes na população acima de 50 anos.

O tratamento pode se dar através de psicoterapia somente, em casos menos graves, ou de psicoterapia e medicações para casos mais severos. A psicoterapia Cognitivo-Comportamental é comprovadamente uma das mais eficazes no tratamento da depressão, pois promove uma reestruturação profunda nas crenças disfuncionais que o indivíduo carrega com si, além de modificações comportamentais fundamentais. A prescrição e acompanhamento da medicação devem ser realizados obrigatoriamente por um médico.

Em muitos casos, os profissionais devem avaliar se o paciente apresenta insônia, pois esta pode estar causando ou intensificando o quadro de depressão. É importante, portanto, que seja tratada no início do processo terapêutico. Estudos mostram que os pacientes com insônia  tratados também com TCC (terapia cognitivo-comportamental) tinham menos recaídas dos que apenas usaram medicações.

Vale ressaltar que em inúmeros casos, a depressão é o sintoma resultante de doenças como AVCs, doenças cerebrais, endócrinas, cardiovasculares, renais, hepáticos ou gastrointestinais. Deve-se, portanto avaliar a presença destas ao se fazer um diagnóstico. A depressão pode ser uma comorbidade, ou seja, aparecer concomitantemente a outras doenças como cânceres, doenças autoimunes, asma, esclerose múltipla, artrite, diabetes, dores, doenças neurológicas ou resultar do uso de álcool ou outras drogas legais ou ilegais.

Ao se tratar a depressão, eleva-se a expectativa de vida de um paciente que apresenta alguma comorbidade. Estima-se que pacientes com o transtorno, mas sem tratamento, têm quatro vezes mais chances de morrer no período de 10 anos.

 

O QUE É DEPRESSÃO?

Os transtornos depressivos, ou seja, a depressão é caracterizada pela presença de humor triste, vazio ou irritável, além de alterações somáticas e cognitivas que interferem negativamente na capacidade de funcionamento do indivíduo por pelo menos duas semanas seguidas.

Pesquisas indicam que o abandono e o abuso na infância são fatores de risco, ou seja, predispõe o aparecimento do transtorno. Além disso, possuir familiares de primeiro grau com depressão eleva as chances de se desenvolver a doença.

QUAIS OS TIPOS DE DEPRESSÃO?

Os tipos de transtornos depressivos incluem:

  • transtorno disruptivo da desregulação do humor;
  • transtorno depressivo maior (incluindo episódio depressivo maior);
  • transtorno depressivo persistente (distimia);
  • transtorno disfórico pré-menstrual;
  • transtorno depressivo induzido por substância/medicamento;
  • transtorno depressivo devido a outra condição médica.

TRANSTORNO DISRUPTIVO DA DESREGULAÇÃO DO HUMOR

Este tipo de transtorno depressivo tem início antes dos 10 anos de idade (entre 6 e 18 anos) e é mais comum em indivíduos do sexo masculino.

Caracterizam-se por explosões de raiva recorrentes manifestadas por agressões verbais e/ou físicas que ocorrem em resposta a uma frustração.

Alguns elementos incluem:

  • Humor irritável na maior parte do dia em pelo menos dois ambientes (ex. casa e escola) por pelo menos um ano;
  • Perturbação na família, nas relações e no desempenho escolar;
  • Problemas em iniciar ou manter amizades.

TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR

QUAIS OS SINTOMAS?

  • Humor deprimido, quase todos os dias, na maior parte do dia sente-se triste, vazio, sem esperança ou choroso. Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável;
  • Falta de interesse ou prazer nas atividades com redução significativa no desejo sexual;
  • Perda ou ganho de 5% do peso corporal em um mês ou redução ou aumento do apetite quase todos os dias (crianças, não atingem o peso esperado);
  • Insônia ou hipersonia (sono exagerado);
  • Fadiga ou perda de energia;
  • Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva;
  • Falta de concentração ou indecisão;
  • Pensamentos de morte ou ideias suicidas;
  • Em indivíduos idosos, as dificuldades de memória podem ser a queixa principal podendo ser confundidas com os sinais iniciais de uma demência.

QUAL O TRATAMENTO MAIS ADEQUADO?

O tratamento pode se dar através de psicoterapia somente ou de psicoterapia e medicações. A psicoterapia Cognitivo-comportamental é comprovadamente uma das mais eficazes no tratamento da depressão, pois promove uma reestruturação profunda nas crenças disfuncionais que o indivíduo carrega com si, além de modificações comportamentais fundamentais. A prescrição e acompanhamento da medicação devem ser realizados obrigatoriamente por um médico.

TRANSTORNO DEPRESSIVO PERSISTENTE OU DISTIMIA

É um transtorno que acompanha os indivíduos por grande parte de sua vida como se fosse parte de sua forma de ser. Entretanto, causam prejuízos em suas vidas causando-lhes bastante sofrimento.

Os sintomas incluem:

  • Humor deprimido na maior parte do dia, pelo período mínimo de dois anos;
  • Apetite diminuído ou alimentação em excesso;
  • Insônia ou hipersonia;
  • Baixa energia ou fadiga;
  • Baixa autoestima;
  • Baixa concentração ou dificuldade em tomar decisões;
  • Sentimentos de desesperança.

TRANSTORNO DISFÓRICO PRÉ-MENSTRUAL

O transtorno disfórico pré-menstrual ocorre em algum momento após a ovulação, diminuindo ou cessando alguns dias após a menstruação.

Os sintomas incluem:

  • Mudanças de humor;
  • Tristeza repentina ou sensibilidade aumentada à rejeição;
  • Aumento da irritabilidade ou raiva com dificuldades nas relações interpessoais;
  • Sentimentos de desesperança ou pensamentos autodepreciativos;
  • Ansiedade acentuada, tensão e nervosismo;
  • Diminuição de interesse pelas atividades habituais como trabalho, escola, amigos, passatempos;
  • Dificuldade em se concentrar;
  • Fadiga ou falta de energia;
  • Alteração do apetite, comendo excessivamente alguns alimentos;
  • Hipersonia ou insônia;
  • Sentimento de estar sobrecarregada ou fora de controle;
  • Sensibilidade ou inchaço das mamas, dor articular ou muscular, sensação de “inchaço” ou ganho de peso.

TRANSTORNO DEPRESSIVO DEVIDO A OUTRA CONDIÇÃO MÉDICA

Alguns medicamentos como estimulantes, esteroides, L-dopa, antibióticos, drogas que atuam no sistema nervoso central, agentes dermatológicos, agentes quimioterápicos e agentes imunológicos podem induzir perturbações depressivas do humor.

O profissional deve determinar se o medicamento é o verdadeiro causador do transtorno depressivo.

O QUE FAZER?

Ao perceber que os sintomas persistem é importante que se procure um médico, preferencialmente um psiquiatra e um psicólogo. Observar se está sendo acolhido por estes, compreendido e validado constitui o primeiro passo para que se inicie um tratamento eficaz. A automedicação com a ingestão de álcool ou outras drogas pode provocar um alívio momentâneo, porém apenas contribuirão para o agravamento da depressão.
Referências: American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders – DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.
Patricia Madeira - Psicóloga

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