COMO SER FELIZ? O SEGREDO DA FELICIDADE

O que é felicidade?

“Que a felicidade não dependa do tempo, nem da paisagem, nem da sorte, nem do dinheiro. Que ela possa vir com toda simplicidade, de dentro para fora, de cada um para todos!” CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Como definir a felicidade? Esta não é uma tarefa fácil, pois a felicidade pode ter um significado subjetivo, ou seja, cada um a compreende e sente de uma maneira diferente. Alguns a definem como uma sensação de bem estar, de aconchego, de estar preenchido sem aquela angústia ou vazio no peito. Outros acreditam que ela seja prazer, alegria, entusiasmo. Há quem pense que ela é estar com quem amamos ou trabalhar com o que gostamos. Alguns afirmam  como Confúcio que “…a melhor maneira de ser feliz é contribuir para a felicidade dos outros”.

 A felicidade, para mim é um estado semelhante à paz, calmo e duradouro, que permite a alguém dizer “Sou feliz, apesar de meus problemas, apesar de não ter tudo o que gostaria, apesar de neste momento estar triste…”

Creio que felicidade seja diferente de prazer. Epicuro dizia que “O prazer não é um mal em si; mas certos prazeres trazem mais dor do que felicidade”. Aristóteles afirmava que “ a felicidade não se encontra nos bens exteriores.” Penso que o prazer seja efêmero , dure algumas horas ou até segundos e que dependamos de fatores externos para senti-lo. Podemos ter prazer com comida, sexo, jogo, viagens, relacionamentos, trabalho e muitas outras coisas. A felicidade, por outro lado nasce de dentro de nossa alma, do âmago de nosso ser. Segundo Cecília Meireles “Eu não necessito de um motivo especial para ser feliz. Felicidades são pedacinhos de ternuras que colho aqui e ali.”

A definição de felicidade parece bastante abstrata e para quem não a conhece é difícil compreender. Assim, como se descrever o mar para alguém que nunca o viu ou sentiu. Desta forma, muitos a perseguem através de conquistas ou diversão. São seduzidos por propagandas enganosas que prometem o que não cumprem. Logo, passam vida toda correndo de um lado para o outro, comprando mais, tentando se tornar mais belos e bem sucedidos, atrás do companheiro ideal, do emprego mais atraente. No final, percebem que dentro de si, a insatisfação permanece e então, trocam o que tem novamente – casa, objetos, parceiro, emprego, amigos… É uma busca insaciável, exaustiva que afeta negativamente  a autoestima e bem estar físico e mental. Podemos ter conquistas e prazeres desde que não sejam a base de nossa felicidade e se tornem compulsão.

Compararmo-nos com os outros ao nosso redor, nas mídias sociais, por exemplo, também é uma forma de nos afastarmos da felicidade.  Montesquieu, no século  XVIII,  já dizia que “Se quiséssemos ser apenas felizes, isso não seria difícil. Mas como queremos ficar mais felizes do que os outros, é difícil, porque achamos os outros mais felizes do que realmente são.”

Mas como ser feliz, então?

Vejo a felicidade como uma construção interna que caminha lado a lado com a edificação de nossa autoestima e de nossa espiritualidade. Vem da religação e de nosso ser com tudo o que nos rodeia, natureza e tudo o que faz parte dela, incluindo nós mesmos e nossos semelhantes. A diversão nos distrai e pode ser positiva, desde que não nos desligue de nós mesmos e dos demais.

Encontramo-nos desligados de nós mesmos quando nos agredimos, nos abusamos ou nos machucamos intencionalmente. Há várias maneiras de nos ferirmos. E não estou me referindo a termos de desempenhar nossas tarefas diárias, mas como o fazemos. Como nos tratamos  e os que estão a nossa volta ? Ajo com respeito? Respeito meu corpo:? Respeito meus limites e o dos demais? Ouço meus sentimentos, permito-me experimentar a tristeza? Permito-me aceitar a realidade ou vivo me entorpecendo para me distrair de minhas insatisfações?

Penso que a felicidade caminhe lado a lado com a realidade. Se sinto o que sinto , vejo o que vejo , ouço o que ouço,  posso ser responsável por minhas escolhas e buscar o que me faz bem . Lembrando que nem sempre o que me faz bem, é o que me diverte ou o mais fácil.

Concluindo, a felicidade não acontece de um dia para o outro; é, na verdade uma construção. Demandam tempo e mudanças, estas nem sempre fáceis e confortáveis. Exige aprendizado e coragem. Alguns conseguem  alcançá-la por si só; outros têm a humildade de recorrer a orientação de um psicólogo , por exemplo. Aliás, humildade e esperança são os ingredientes essenciais  neste processo, pois sem elas a colheita será infrutífera.  

A Psicoterapia Cognitivo-Comportamental promove essa religação à medida que enxergo minha realidade – como me sinto me comporto e o que vivo. Essa compreensão permite que sejamos mais honestos conosco e com os demais e que iluminemos a trilha que temos percorrido, abrindo espaço para novos caminhos.

Patricia Madeira - Psicóloga

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